Tropic of Cancer

Now hailed as an American classic, Tropic of Cancer, Henry Miller's masterpiece, was banned as obscene in this country for twenty-seven years after its first publication in Paris in 1934. Only a historic court ruling that changed American censorship standards, ushering in a new era of freedom and frankness in modern literature, permitted the publication of this first volume of Miller's famed mixture of memoir and fiction, which chronicles with unapologetic gusto the bawdy adventures of a young expatriate writer, his friends, and the characters they meet in Paris in the 1930s. Tropic of Cancer is now considered, as Norman Mailer said, "one of the ten or twenty great novels of our century."

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Published Jan 6, 1994

194 pages

Average rating: 5.89

18 RATINGS

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Community Reviews

maxliv
Mar 10, 2023
6/10 stars
A qualidade desse livro depende da moral de quem o lê. Não me importa se ele é a maior obra prima da literatura ou uma grandessíssima bosta, mas quero destacar esse trecho:

"[...] Todo o meu ser reagia aos ditames de um ambiente que nunca tinha experimentado antes; aquilo que eu podia chamar de "eu" parecia se contrair, reduzir e encolher dos velhos e costumeiros limites da carne que conhecia apenas as modulações das pontas dos nervos.
E quanto mais substancial, quanto mais concreto ficava o meu interior, mais delicada e extravagante mostrava-se a realidade palpável e próxima na qual eu estava sendo espremido. À medida que eu ficava cada vez mais metálico, a cena ia inflando ante meus olhos. A tensão estava tão finamente traçada que a chegada de uma única partícula estranha, mesmo que microscópica, como eu disse, teria destruído tudo. Pela fração de um segundo, talvez, senti aquela claridade completa que, dizem, só os epiléticos conhecem. Nesse instante, perdi completamente a ideia de tempo e espaço: o mundo desenrolou seu drama simultaneamente num meridiano sem eixo. Nessa espécie de eternidade disparada por uma pressão mínima, senti que tudo estava justificado, totalmente justificado; senti que as lutas dentro de mim tinham deixado aquela massa e aquela destruição; senti os crimes que estavam fervendo aqui para surgir amanhã em frases espalhafatosas e cheias de ponto de exclamação; senti a miséria que estava sendo moída no almofariz; a longa e estúpida miséria que escorre em lenços sujos.
No meridiano do tempo não há injustiça, há apenas a poesia do movimento criando a ilusão de verdade e drama. Se, a qualquer tempo e lugar, alguém dá de cara com o absoluto, desaparece aquela grande simpatia que faz homens como Gautama e Cristo parecerem divinos; o terrível não é os homens cultivarem rosas em monte de estrume, mas, seja por que for, quererem rosas. Por algum motivo, o homem busca o milagre e para consegui-lo caminha em meio ao sangue. Ele vai se corromper com ideias, vai se restringir a uma sombra se, por apenas um segundo na vida, puder fechar os olhos para o hediondo da realidade. Aguenta tudo: desgraça, humilhação, pobreza, guerra, crime, ennui, acreditando que amanhã vai acontecer alguma coisa, um milagre, que fará a vida tolerável. E o tempo todo, alguém come o pão e bebe o vinho da vida, algum padre sujo e gordo como uma barata escondida no porão se empanturra, enquanto lá em cima, na luz da rua, uma hóstia fantasma toca os lábios e o sangue é claro como água. Do tormento e miséria infinitos não vem nenhum milagre, nenhum vestígio microscópico de alívio. Só ideias, pálidas e atenuadas ideias que precisam ser fetilizadas por carnificina; ideias que surgem como bile, como as tripas de um porco quando tiram a carcaça."

E não há nada mais que precise ser dito.

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